sexta-feira, 2 de julho de 2010

O personagem da rodada

Caros confrades

Eu assiti o jogo do Uruguay. Não satisfeito, fiquei até agora lendo e assistindo tudo o que publicaram sobre a partida.
Pensei muito a respeito e cheguei à conclusão, após reler um livro do Nelson Rodrigues que trago comigo, que além dos 11 jogadores da Celeste, teve mais um que parece ter auxliliado na composição dessa epopéia.
Estou me referindo àquele jogador que poderia ter vestido qualquer uma das 32 camisas das seleções participantes do torneio, mas curiosa e ardilosamente, escolheu à camisa dos orientais.

Os fatos que vivenciamos hoje não me deixam dúvidas. Ele esteve lá, ao lado de Suárez, Muslera, Forlan, Abreu e Tabarez.

Estou me referindo ao lendário Sobrenatural de Almeida.

6 comentários:

  1. Ele estava sim.
    Eu vi ele empurrando as costas do Gyan antes do penalti.

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  2. eu não acreditava. E acho que continuo não acreditando, mas agora no que vi. Que jogo!!!! Uruguai jogou como Uruguai, como deveria ser o Uruguai. E o Brasil, na vanguarda do atraso, continua tentando ser time europeu. Discordo do amigo comentarista do tópico anterior. Fizemos feio sim, fizemos horrível. Foi uma derrota vergonhosa, um time vergonhoso, uma nova era dunga vergonhosa. A imagem do jogo? Robinho com o dedo na cara do Robben após esse ter sido levantado por um dos nossos felipes melos (acho que foi o Alves). O nosso Rob contra o deles. O nosso arremedo de jogador, promessa veterana, que depois de temporadas e escolhas fracassadas na europa voltou ao Brasil pra ser coadjuvantes de garotos de 20 anos (esses sim, promissores).
    Vergonha!!!

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  3. Pois é confrade Zeca, acho que tens razão.
    Eu particularmente não tinha pensado nesses termos. Mas depois de ler o teu comentário, fiquei pensando se com essa pauperização de nosso futebol a gente (torcida) não acaba rebaixando, mesmo que inconscientemente, nossas expectativas. Hoje conversava com meus alunos depois do jogo e eles falavam com saudade (se é que uma gurizada de 20 anos pode ter saudade) da seleção de 94. Time que na época, tínhamos em pior conta que esse do Dunga.
    E assim a gente vai levando, na base do achando bom o menos ruim. E acho que foi daí que saiu um pouco do meu comentário
    Os caras falavam que o Uruguai não chegava bem na Copa há 40 anos. Mas pensando bem, antes fazer um jogo como o de ontem a cada 40 anos do que a seleção brasileira vem fazendo a cada 4.
    Sorte dos uruguaios. Os pais viram 50. Os filhos e os netos viram 2010. E a gente segue contando estrelas na camisa e zeros nos contracheques dos nosso jogadores.
    Escreveste que jogamos com vários felipes melos. Eu vou um pouco além. Metade eram felipes melos e metade cristianos ronaldos. Metade que não sabe jogar e a outra que sabe, ou acha que sabe, mas joga pras cameras da globo e pros patrocinadores.
    O que resta é a alegria de ver a casa e a máscara cair ao vivo e a cores em rede mundial.
    Primeiro a farsa e depois a tragédia.

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  4. Pois é, e viajando um pouco na maionese, fico pensando se essas sucessivas eras dungas e melos e etc. não são, ainda, nossa burra resposta a 1982. Desde lá ficamos com essa idéia estranha de que é preciso marcar, de que "no futebol moderno" bla bla bla. Em 94 coroamos essa tese, e lá estava o Dungão. Aliás, pra mim, o Dunga é só um mané que teve até a sorte de virar nome de era, porque mais justo seria falarmos em era parreira ou era zagalo ou até era teixeira. E fomos ficando pragmáticos e burros, querendo a todo custo parecermos com os irmãos de cima, os "desenvolvidos". Repara só uma coisa: ontem li que os alemães já estão reclamando antes dos argentinos (e latino americanos em geral), que não sabem perder, essas coisas. Na hora me vem a cabeça equele clichê que o bueno adora vomitar, sobre a tal "catimba" sulamericana. E não é que ontem nós fomos ridicularizados em rede mundial diante da catimba holandesa??? E tivemos que aturar os nossos comentaristas falando que eles tão fazendo teatrinho... E o Robben, que acabou com o jogo, quando tava 1 a 0, era chamado pelo Casagrande de previsível, "só tem uma jogada"... Pois é, a resposta chegou rápido. Pedala robinho...

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  5. Indo um pouco mais além. Concordo com a idéia da relação das "eras dungas" com uma reação em relação à 82. E falo em reação de propósito, no sentido do estabelecimento de um consenso reacionário no trato do futebol.

    Mas tembém vejo essa transformação do nosso futebol, e não sei se é só no nosso, como algo totalmente relacionado com a ascenção, definitiva, do futebol à categoria de negócio altamente lucrativo.

    Somos uma fábrica de mercadorias extramamente valiosas. Nossos jogadores são disputados a tapas e pontapés pelos times europeus, e negociados a valores pornográficos.

    Mas isso não vem de graça. É necessário uma contrapartida. É necessário que essa mercadoria seja homogênea, seja suficientemente pasteurizada para que possa se encaixar em qualquer clube, qualquer liga e em alguns casos, qualquer posição.

    Do mesmo modo que para vendermos frutas, carne e sapatos para a Europa devemos adaptá-los ao gosto dos europeus, nossos jogadores devem ser adaptados ao gosto do futebol mundializado como negócio.

    E se nessa "higienização", que alguns acham que é uma "lapidação", o que fica pra trás são justamente as maiores virtudes dos jogadores, principalmente dos sul americanos. Eles "ganham" músculos, disciplina tática, educação. E perdem sua coragem, habilidade, personalidade e o prazer do jogo pelo jogo.

    E na medida em que cada vez mais esses jogadores seguem para a europa mais jovens, a tendência é que cada vez mais nosso futebol se identifique com o futebol europeu. Até porque hoje, de olho nessas trasnferencias absurdas, muito desse trabalho de degeneração do jogador brasileiro já é feito por aqui mesmo. E o melhor exemplo que eu vejo disso é o Kaká.

    Ontem conversava com um amigo e nos perguntávamos se aglum jogador brasileiro teria a coragem e a perspicácia do Suarez para tomar uma decisão daquela naquelas condições. Eu acho que não, isso já ficou pra trás.

    Quando o principal critério de convocação para a seleção passa a ser jogas ou não na europa, vejo que vamos disso para pior.

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  6. Tendo a concordar e esse é um fenômeno mundial, subjugando os eternos vendedores de mão de obra barata às potências industriais. Tudo faz muito sentido, inclusive a dissolução das "escolas" de futebol, tudo muito parecido, jogos de muita velocidade e sem alma. Uma disputa que, aos poucos, vai deixando de ser um embate de culturas, de formas de jogar futebol, etc etc.
    Só que aí vem Uruguai e Gana pra fazer a gente acreditar mais um pouquinho.

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