quarta-feira, 9 de junho de 2010

Não quero nem saber se o pato é macho. Eu quero é ver o ovo!


Caros amigos. Em uma época em que aqueles que falam da seleção falam demais, e falam de criaturas como patos e gansos, tenho uma contribuição a fazer a respeito das possibilidades dessa tal seleção Canarinho.
Estava eu, coisa de alguns dias atrás, almoçando. Era um sábado. Era uma tarde. Mas não um sábado qualquer. E nem uma tarde qualquer. Era uma tarde de um sábado de maio em Porto Alegre.
Vocês sabem o que é o começo do inverno no Continente? Para quem não sabe, eu conto. Frio, não muito, apenas o suportável pra quem veio de São Paulo. Céu azul, só azul, puro, sem nuvens, sem nada. Sol, muito sol. Sol baixo, passando lá no horizonte, em pleno meio dia. Resumindo, não era um dia, era O Dia.
Comíamos, muito e bem. Bebíamos, também, o necessário pra uma tarde, mas muito bem. Éramos quatro. Eu, minha companheira, e dois amigos.
Novamente uma pergunta. Vocês já comeram carne? Não estou falando dessas coisas que vendem por aí, dessas misturas de moqueca de rato com nervo de cachorro. Falo de carne, ou melhor, do entrecote de Angus Red . Já comeram? Com vinho bom? Recomendo. Principalmente em uma tarde de maio em Porto Alegre.
Pois, bem. Estávamos lá. E de repente, não mais que de repente, eu o vejo saindo de nosso comedor.
Não resisti. Minha timidez vira lata foi menor que suas proezas e que minha embriaguez. Olhei nos seus olhos, levantei-me, dei um pique e chamei:
- Paulo! Paulo Roberto!
Ele se virou, certamente acostumado com esse tipo de abordagem, olhou-me com certa condescendência, sorriu, e ficou esperando, pois afinal, a fala era minha.
- Olha, só quero te agradecer. Por aquele gol de empate contra a Itália. A tua comemoração foi a minha, e tem sido em todas as ocasiões em que me sinto à vontade pra comemorar alguma coisa. Aquele jogo, tu e teus colegas, decretaram todo o sucesso e todo o fracasso da minha geração. Pelo menos daqueles que tem algum caráter pra empenhar junto à essa merda que a gente chama de história.
Ele me olhou, sorriu, olhou para o horizonte (certamente pensando no Angus Red) e me agradeceu. Disse que quando fez aquele gol, não pensou em nada. Pensou apenas em se desvencilhar dos italianos que o marcavam, pensou no Sócrates e no Zico, cada um levando meio time adversário pra longe e pensou que a partir daquele instante ele poderia vencer o Dino Zoff. E venceu. Foi bastante, mas não o suficiente.
Eu fiquei quieto. Apertei suas mãos, agradeci novamente e desejei bom final de semana. Ele se foi e eu voltei pra minha mesa, pra aproveitar aquele dia especial.
Tudo isso pra dizer que, quem nasceu pra pato e ganso, nunca chega a Falcão.


PS: Apesar de reconhecer que o Ganso seria melhor que Felipe Melo, Gilberto Silva e Ramires juntos. Felizes?

2 comentários: